terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Música e a Aquisição da Linguagem


Muito se tem falado do efeito que a música tem na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. No dia-a-dia a música vai fazendo parte das nossas vidas e percebemos que as crianças adoram o ritmo, as melodias e, em muitos casos, a música parece ser de facto ser uma das poucas coisas que as cativa e as mantém em interacção. Devo dizer que nos primeiros tempos como terapeuta da fala usei muitas vezes nas minhas sessões a música no trabalho com crianças com autismo, sem formação na área e sem ter ouvido falar em musico terapia da forma que hoje se aborda. Contudo, os ganhos na interacção eram fabulosos...

Hoje trago um excerto de um texto que encontrei sobre a música e a aquisição da linguagem, que defende que estimular a música na primeira infância tem efeitos a longo prazo na nossa vida e que os pais que usam a música com o seu bebé estimulam as suas capacidades, mas também fortalecem os laços de amor. 

«Pediatras, neurologistas, psicólogos e investigadores diversos defendem que a música contribui muito para o desenvolvimento da criança a diferentes níveis. É no ventre materno que o bebé começa a assimilar as vozes e as conversas do exterior; nos primeiros tempos de vida já retém e imita sons, aprendendo a coordenar os movimentos com a respiração. São aliás vários os estudos a apontar que a música estabelece ganhos de competências sensoriais e de processamento de informação, a partir das quais a criança estabelece a sua interacção e a comunicação com o mundo. 

[...] Com a música, as crianças são estimuladas a escutar e a vocalizar sons, mas também se desenvolvem em termos motores, ganham uma melhor consciência corporal e rítmica. Independentemente da sua etapa de crescimento, há diferentes formas de integrar os bebés nas actividades relacionadas com a música. 
Nos primeiros tempos de vida começam a vocalizar sons no colo dos pais. Dos nove aos 12 meses, o corpo já se movimenta e dança, reagindo à voz cantada e aos instrumentos. 

Entre os dois e os três anos, despoleta a espontaneidade e a capacidade de a criança reproduzir tudo o que ouve - como pequenas esponjas. 

A música é a base de todo o funcionamento cognitivo e social, dependendo muito da forma como o bebé vai ser estimulado pelos pais e outros cuidadores. Os bebés compensam a sua incapacidade de cantar e de falar, escutando a música e a fala dos outros. Daí que seja muito enriquecedor que sejam expostos a estímulos muito diferentes, também do ponto de vista sonoro. 

As crianças devem ouvir música, cantar e expressar-se corporalmente na fase em que ainda não aprenderam a falar. Quando se estimula o ritmo e o movimento corporal, aumenta-se a capacidade de falar com uma boa articulação. O contacto precoce com a música contribui para a aquisição das primeiras palavras. A música expõe o bebé a um conjunto de elementos sonoros e expressivos que são comuns a outras formas de linguagem, nomeadamente a linguagem verbal. Quando estamos a estimular os sentidos, e em particular o sentido auditivo, estamos a diferenciar sons e a contribuir para a aquisição também da competência linguística.»     

Texto retirado da revista O Nosso bebé, nº3

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